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Três
áreas ligadas à governança corporativa terão forte demanda por profissionais
especializados neste ano: fiscalização da operação, adequação à legislação
vigente (compliance) e gerenciamento de riscos. A perspectiva é de recrutadores
consultados pelo Estado.
Segundo
os executivos, esses ramos de atuação são fundamentais para atrair novos
investimentos e consolidar a reputação das empresas e, por isso, tendem a
demandar mais mão de obra.
Estudo
da consultoria Deloitte feito com 84 empresas que atuam no País e têm
faturamento acima de R$ 1 bilhão aponta que 55% não possuem equipes específicas
para prevenir ou gerenciar situações que possam afetar seu desempenho. Entre as
companhias que possuem um departamento estruturado, 42% o fizeram há menos de
quatro anos. André Gargaro, sócio da consultoria, destaca que o mercado de capitais
brasileiro vem amadurecendo e que discussões mais amplas sobre o assunto
estarão cada vez mais no radar do investidor.
O
sócio da consultoria KPMG, Sidney Ito, tem a mesma visão: “Há dez anos,
gerenciamento de riscos era um tema que ficava em níveis intermediários da
gestão. Hoje, está na agenda da presidência, do conselho e dos acionistas.”
Medidas
como a Lei Anticorrupção, que entrou em vigor no ano passado, ajudaram a
aquecer a demanda por mão de obra especializada. Na Michael Page, a busca por
profissionais de compliance aumentou 30% entre 2013 e 2014, afirma o gerente
executivo da recrutadora, Luis Granato: “As contratações aumentaram
principalmente para o mercado financeiro”.Ele dá um exemplo: “Todos os cinco
principais bancos do País têm fortalecido seus departamentos de controle
interno.”
Escândalos
de corrupção como o da Petrobrás, deflagrado pela Operação Lava Jato da Polícia
Federal no ano passado, reforçam a necessidade de ampliar os mecanismos de
fiscalização das operações nas companhias, “principalmente em empresas de
capital aberto e que mantenham negócios com o governo”, como destaca o diretor
da recrutadora Hays, Rodrigo Soares.
Remuneração. A busca por estruturas mais sólidas de controles internos esbarra na falta de pessoal qualificado: “Há uma carência para suprir o setor de compliance. Às vezes, o profissional vem de outras áreas porque tudo ainda é muito novo”, afirma Guilherme Prado, consultor de banking e compliance da Michael Page.
A
remuneração de profissionais de auditoria, compliance e gestão de risco varia
de acordo com o negócio e o porte da empresa. Nos níveis hierárquicos iniciais,
ela está entre R$ 3 mil e R$ 8,5 mil, de acordo com a recrutadora Robert Half.
A perspectiva é de que os salários para essas áreas aumentem em média entre 5%
e 6% este ano, acompanhando a inflação.
Quem
ocupa cargos dessa natureza, de acordo com os recrutadores, são profissionais
maduros, com perfil analítico e que estejam preparados para lidar com
informações sigilosas. Sua função é olhar para a gestão da empresa como um
todo, e por isso a necessidade de conhecer profundamente o negócio. Também é
necessário estar atento às mudanças na regulamentação para cada setor, de
maneira a prevenir problemas.
Por Milena Oliveira e Ian Chicharo
Gastim
Fonte: Estado de S. Paulo
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