Por Ítalo Rufino
Fonte: Diário do Comércio – SP
Enquanto máquinas e
softwares cada vez mais inteligentes extinguem atividades, a demanda por
criatividade, conhecimento e gestão de informação estimula o novo mundo do
trabalho
Na
noite do dia 7 de fevereiro de 2016 foi realizado o evento esportivo mais caro
da história dos Estados Unidos – Super Bowl 50.
O
evento, que decide o campeão da temporada anual de futebol americano,
movimentou cerca de US$ 1 bilhão. O detalhe é que somente um comercial de 30
segundos no intervalo da partida custou US$ 5 milhões.
Embora
seja um ponto fora da curva, o Super Bowl e outros eventos esportivos,
artísticos e de entretenimento são exemplos de sucesso da economia criativa.
Esse
mercado baseado na informação, conhecimento e criatividade, inclui áreas como
arquitetura, design, turismo, gastronomia, moda e publicidade.
Todas
essas atividades têm como marca a mobilização de capital intelectual em seus
processos produtivos. Em 2014, a economia criativa movimentou US$ 4 trilhões no
mundo.
De
acordo com o Ministério da Cultura, os setores criativos no Brasil empregavam
cerca de 3,7 milhões de pessoas em 2014 – aproximadamente 4,5% do total de
trabalhadores.
Em
2015, a estimativa era de que o mercado gerasse R$ 150 bilhões para a economia
brasileira.
Em
busca de uma análise profunda sobre o conceito, causas e consequências da
economia criativa no Brasil e no mundo, o professor Victor Mirshawka,
recentemente aposentado do cargo de diretor cultural da Fundação Armando
Álvares Penteado, publicou o livro Economia Criativa: Fonte de Novos Empregos,
em dois volumes (DVS Editora).
VICTOR
MIRSHAWKA: O PROFISSIONAL DA NOVA ECONOMIA TERÁ DE USAR A EMPATIA
Engenheiro
e mestre em estatística, Mirshawka concentra sua tese no impacto exercido pela
economia criativa sobre o futuro do emprego.
“Nos
últimos séculos, todas as grandes mudanças sociais e econômicas alteraram
profundamente a empregabilidade”, afirma.
“Hoje,
vivemos a quarta revolução industrial. Ao mesmo tempo em que ela cria novos
negócios, pode extinguir mercados inteiros.”
De
acordo o pesquisador, o uso de inteligência artificial, aparelhos
industrializados inteligentes (Internet das coisas), drones e impressoras 3D,
apenas para citar alguns exemplos, já estão transformando o mundo que
conhecemos.
O
sistema de computação cognitiva da IBM, batizado de Watson, consegue interagir
com humanos por meio da compreensão da linguagem, capacidade de aprendizagem e
identificação de padrões de comportamento.
O
equipamento já está em uso na área de call center do Bradesco.
EMPREGO DO
FUTURO
É
inegável que a tecnologia irá causar desemprego, principalmente na indústria e
em serviços, setores nos quais as máquinas e softwares realizam as mesmas
atividades de seres humanos -- só que a menor custo e com melhor desempenho.
“O
lado bom é que a economia criativa poderá absorver boa parte dos empregos”,
afirma Mirshawka, "pois requer propriedade intelectual de seus
agentes."
Trata-se
de um ambiente que os trabalhadores têm de perceber agora se quiserem se
preparar para o futuro.
Entre
os benefícios da economia criativa, o professor cita diversas cadeias
produtivas que foram favorecidas com a consolidação dessa nova economia –
arquitetura, artesanato, artes cênicas, artes visuais, brinquedos, cinema,
design, entretenimento, gastronomia, moda, música, pesquisa e desenvolvimento
(P&D), publicidade e propaganda, setor editorial, software, televisão e
rádio, turismo e vídeo-game.
A
ascensão da economia criativa tem um exemplo poderoso na onda atual do game
Pokémon Go.
Além
de elevar o valor das ações da Nintendo na bolsa de Tóquio em 25% -- um
crescimento de US$ 7,5 bilhões em valor de mercado --, a incrível popularidade
do jogo ajudou as ações da Zagg, fabricante de carregadores portáteis, a
crescer 12,5%.
Paralelamente,
as varejistas americanas de eletrônicos Gameshop e RadioShack tiveram aumento
de vendas de 45% e 50%, respectivamente. Os dados são da IInterativa, unidade
digital da integradora de TI Infobase.
No
Brasil, Mirshawka cita o caso de Olímpia, município de 50 mil habitantes
situado no noroeste paulista. A cidade, conhecida como a Capital Nacional do
Folclore, vive um boom causado pelo turismo. Ao longo do ano, organiza diversos
eventos de dança, música e gastronomia local, movimentando a economia da
região.
“A
tecnologia é ótima, mas não possui a empatia dos seres humanos”, diz o
professor.
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