Fonte: Blog Estadão PME
"Redes sociais se transformam em gigantes murais de ego"
Dois minutos se passam… Hum… Quantos likes e shares meu post
recebeu? Sem querer, penso em voz alta e minha filha de seis anos me olha com
vários pontos de interrogação. Mais do que explicar o que são likes, shares,
posts e redes sociais, fico envergonhado pelo motivo da pergunta.
Poucos se dão conta, mas rede social é um termo politicamente
correto para um mural de egos. Se dúvida disso, lembre-se da última vez que
publicou algo e nenhum mísero mortal conectado se deu ao trabalho em clicar no
ícone do joinha. Por isso, as primeiras (verdadeiras) redes sociais como
eGroups, Yahoo! Grupos, Classmates, SixDegrees e mesmo Friendster fracassaram
porque atendiam uma necessidade abaixo do que Facebook, Twitter, Linkedin,
Instagram ou Pinterest resolve.
E mesmo agora, sua verdadeira rede social é atendida pelo
WhatsApp, Gmail, Skype, Snapchat, e o próprio telefone celular, é claro. É aqui
que estão seus familiares, amigos e conhecidos mais próximos e que acessa com
mais frequência e interesse.
As chamadas redes sociais são cada vez mais pregões por joinhas (curtir) e setas para direita (compartilhar) e poucos conseguem ficar tanto tempo em uma bolsa de valores de egos com tantos falando sobre si ou de suas verdades ou outros berrando suas causas (que mudam a cada semana).
Na lógica da Pirâmide de Necessidades de Maslow, dado que as
necessidades básicas (sobreviver), de segurança (viver) e sociais (conviver)
estejam resolvidas, surge a necessidade do “querer ser” querido e reconhecido.
São necessidades que, em geral, são resolvidas por fatores externos já que
“parecer ser” já contribuiu para o aumento da autoestima e confiança das
pessoas.
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Daí a necessidade crescente de parecer ser o que os outros
valorizam. Mesmo que não perceba desta forma, muitos empreendedores aprenderam
a tirar proveito. Enquanto muitos tentam copiar o GoPro, poucos se atentam que
sua câmera não filma momentos incríveis, ela gera mais likes e shares. Os
organizadores do Lollapalooza sabem que os jovens não vão ao evento apenas pelos
músicos presentes. Eles querem viver uma experiência surreal que possa ser
compartilhada em suas redes sociais.
É isto que tem determinado o nível de status de cada pessoa em
suas redes de relacionamento.
O problema é que esta necessidade comum a todos nós, pode
começar a extrapolar, tornando-se uma escalada de encheção de saco, hipocrisia
e até contravenções como ocorrem com as postagens de ostentação de itens
roubados, armas e até cenas de crimes.
Muitos acreditam que ser para os outros é sua principal
necessidade e se esquecem que há uma outra ainda maior que é ser o que é sendo
você mesmo.
Mas para ser é
preciso parar de parecer ou de querer ser. Ser é descobrir o não ser dos
caminhos errados, portas fechadas e páginas não encontradas. Ser é se questionar
de tempos em tempos desfragmentando crenças nocivas e atitudes tóxicas. Ser é
estar continuamente em reconstrução. É tornar-se empreendedor de si mesmo!
Marcelo Nakagawa é professor de empreendedorismo e inovação do Insper
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