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"Viver é como
andar de bicicleta: é preciso estar em constante
movimento para manter o
equilíbrio", já dizia Einstein
Por Denis Mello, www.administradores.com.br
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Assim, em
nome da harmonia e do bom clima interno, evita-se a exposição de projetos,
ideias, estratégias e inovações que possam contrariar ou causar desconforto às
pessoas ou áreas da empresa.
Vivemos em
busca de harmonia, de um ambiente de entendimento entre as pessoas, nada mais
natural para se almejar. Porém, é importante refletir como essa estabilidade é
conquistada e quais suas consequências, principalmente no ambiente corporativo.
Ocorre que, em algumas organizações, o equilíbrio sustenta-se no desinteresse
do debate e oposição de ideias, sob o argumento de que o contraponto gera
desarmonia.
Assim, em
nome da harmonia e do bom clima interno, evita-se a exposição de projetos,
ideias, estratégias e inovações que possam contrariar ou causar desconforto às
pessoas ou áreas da empresa. É aí que mora o perigo! Isto por que o ambiente
cordial que ela exige impõe neutralidade, sufocando a troca de ideais e
posicionamentos individuais capazes de questionar verdades e inverdades
arraigadas.
“Viver é como
andar de bicicleta: é preciso estar em constante movimento para manter o
equilíbrio”. A partir deste pensamento de Albert Einstein, podemos iniciar uma
reflexão sobre o preço pago por uma empresa na qual a diplomacia e a
cordialidade entre seus membros vêm em primeiro lugar. O que nos diz o mestre
cientista de maneira simples e ao mesmo tempo profunda? Que o equilíbrio
estático, imutável e inabalável nos leva à queda, à estagnação. Que, para não
nos perdermos, precisamos nos mover e perder o equilíbrio momentaneamente.
Outro
pensamento que pode ajudar-nos pertence ao trecho de uma música contemporânea e
popular entre os jovens: “Paz sem voz não é paz, é medo”, do grupo Rappa. Além
de traduzir o caráter autoritário da “harmonia muda”, a frase permite-nos
transpor a ideia para a questão do respeito propalado como um valor de empresas
do tipo “equilíbrio total”, ou seja, respeito sem troca de ideias não é
respeito, é comodismo velado, é neutralidade que anula o conflito de opiniões e
o debate, sacrificando o direito de cada um defender seus posicionamentos.
Nesse
cenário, não é possível construir o novo para vivê-lo enquanto dure, pois, em
breve, poderá ser substituído por outra inovação, seguindo o movimento do
equilíbrio. A construção não acontece porque não há desconstrução, uma vez que
os problemas reais da empresa estão camuflados na prática inconsciente da
cordialidade muda e surda do dia a dia.
Uma
organização não é um templo harmonioso e blindado contra as divergências. É um
organismo vivo e dinâmico, cujos princípios, políticas e práticas precisam ser
desconstruídos pelos questionamentos e contrapontos. Enfim, qualquer empresa
precisa de conflito positivo, aquele que, administrado pelas lideranças, é capaz
de emergir problemas e soluções, de desconstruir para construir.
Vale
finalizar esta breve reflexão com uma frase de Heráclito, que rompe com o medo
do conflito: “Da discórdia surge a mais bela harmonia.”
Fonte: administradores.com.br
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