Chegada maciça de novas multinacionais estimula empresas do ramo a se instalarem ou ampliarem operações no País, seguindo seus tradicionais clientes
Por: Alex
Ricciardi
São Paulo
O
setor de consultorias e auditorias vê o Brasil como um de seus novos
eldorados. Gigantes mundiais como Deloitte & Touche, Ernst & Young,
BDO, KPMG Consulting, PriceWaterhouseCoopers (PwC), Accenture e outras observam
fatores como o expressivo porte da economia local (6ª maior do mundo), seu
crescimento ininterrupto há anos e, em especial, a vinda compacta para cá de
corporações internacionais que já são clientes das consultorias no exterior.
Isto
traz demanda pelo trabalho destas empresas (semana passada, por exemplo, a PwC
foi selecionada pela Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, como a
responsável por analisar a qualidade do serviço de banda larga das operadoras
brasileiras), o que as leva a investir para aumentar sua presença
local — a Accenture, que abriu uma unidade na região do Porto Digital, em
Recife, espera contratar mais 1.700 profissionais nas Regiões Sul, Sudeste e
Nordeste do País até o início de 2013. Por sinal, as empresas do setor estão de
fato empenhadas em aumentar seu quadro de funcionários locais: só a KPMG está
contratando 500 trainees para atuar em 21 cidades brasileiras.
Escritórios
Mas
talvez o maior exemplo da cada vez mais expressiva presença das consultorias no
País seja a trajetória local recente da BDO. Após crescer 33% no período de um
ano, a BDO RCS (denominação local da europeia BDO, uma das grandes empresas de
consultoria e auditoria do planeta) quer aumentar em mais 40% o porte de sua
operação no Brasil e fechar 2012 com uma receita de R$ 60 milhões. Para tanto,
a empresa aposta em fincar presença por todo o território: a BDO RCS vai abrir
ainda no 1º semestre de 2012 mais um de seus escritórios, desta vez na cidade
paulista de Campinas — recentemente, a companhia inaugurou instalações desse
tipo em Fortaleza, no Rio de Janeiro e na também paulista Ribeirão Preto.
“Nossa meta é dobrar de tamanho nos próximos dois anos”, conta Raul Corrêa da
Silva, presidente da companhia. “Estamos investindo na contratação de novos profissionais e planejamos
instalar cinco novas bases em outras cidades brasileiras.”
Ontem
esteve em São Paulo o CEO global da BDO, o
holandês Martin Van Roekel, que foi entrevistado com exclusividade pelo DCI: “A
operação brasileira é de excepcional importância para a BDO. Ela é um dos
pilares da excelente performance que temos tido nos últimos anos na América
Latina, além de contribuir para solidificar nossa atuação nos mercados
emergentes”.
Middle
market
A estratégia da BDO
RCS para diferenciar-se de seus concorrentes é voltar-se para o atendimento às
pequenas e médias empresas (PMEs) ao invés de centrar-se nas disputas pelas
contas de consultoria e auditoria das grandes companhias. Isto vem dando certo,
conta Corrêa da Silva, desde a época em que a companhia atendia apenas por RCS,
antes da associação com a BDO.
“Vislumbrei as
oportunidades que o middle market poderia representar no setor e fiz da empresa
a primeira a se especializar em consultoria econômica, tributária e financeira
para este segmento”, conta ele. Corrêa da Silva observa que hoje a organização
é a única empresa local de auditoria com foco voltado às PMEs. “Mas também já
temos como clientes 25 companhias de capital aberto em processo de expansão”,
ressalta. Desde que surgiu no mercado de auditorias a RCS (hoje BDO RCS) já
multiplicou em oito vezes seu faturamento. A companhia também tem uma divisão
de gerenciamento de finanças pessoais, na qual usa a mesma metodologia que
emprega para pessoas jurídicas.
“Além do Brasil, a
Índia e a China são outros mercados extremamente relevantes para nós”, completa
Van Roekel. “A economia local é cada vez mais competitiva, e organizações como
a nossa podem ajudá-la a prosseguir neste caminho.”
Perspectivas
A BDO tem uma
história complexa no Brasil. Presente no País já há 30 anos, a BDO
International envolveu-se em uma associação com o empresário Toninho Marmo
Trevisan em 2004, dando origem na ocasião à BDO Trevisan. Marmo vendeu sua
parte na organização, em 2006, para os demais sócios. No ano passado, a KPMG
adquiriu esta operação local. A resposta da BDO mundial foi unir-se a um novo
parceiro brasileiro, a RCS Auditores, fundada por Corrêa da Silva.
Tanta
movimentação é característica do vigor que este mercado apresenta. Segmentos
tradicionais como bens de consumo, comunicação e construção civil têm dado
trabalho a muitos consultores, além de áreas novas, como instituições de
ensino. Atividades de varejo também são promissoras para as empresas da área,
além do agronegócio, cada vez mais forte. No que tange às especializações deste
campo, as mais presentes são a gestão empresarial e a gestão de pessoas,
seguidas de perto pela gestão no segmento público. O grande número de obras de
infraestrutura devido à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016 tendem a tornar a
consultoria para este último segmento cada vez mais importante daqui para a
frente no Brasil.
Fonte:
Panorama Brasil
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