Por Inês Godinho
Fonte: Diário do
Comércio – SP
Na hora da disputa,
mais do que técnica, o momento exige clareza de mente e empatia. A técnica do
coaching ensina como ganhar confiança no seu desempenho
Disputar
uma concorrência equivale a entrar na arena de uma tourada, dependendo do
estágio em que está a empresa ou do perfil do empreendedor.
Em
especial para empresas novatas e gente com perfil mais introvertido, ter suas
habilidades e vantagens comparadas com rivais no negócio ou se expor à
avaliação de terceiros são situações aflitivas.
Essa
é uma realidade cada vez mais presente entre os prestadores de serviços,
especialmente nas áreas que envolvem conhecimento técnico ou criatividade.
Mesmo
com toda a satisfação provocada pelo convite, nesses momentos, uma pessoa pode
se tornar seu mais duro crítico, um estado mental que nos torna perdedores
antes de começar o jogo.
Para
enfrentar a ansiedade, os esforços costumam ser canalizados para a preparação
da proposta. Mas não há apresentação brilhante que sobreviva a uma mente
atormentada.
Como
neutralizar as cobranças mentais e se tornar um concorrente seguro de si?
Para
se sair bem, todas as etapas de uma concorrência – entrega do briefing, redação
da proposta, precificação, montagem da apresentação e defesa – “exigem clareza
mental e confiança nas próprias forças”, resume a coach Fernanda Barcelos.
Com
formação em comunicação e teatro, Fernanda se especializou em ajudar
profissionais da área criativa a construir uma cabeça de empreendedor.
A
demanda por ajuda pontual para concorrências se tornou tão frequente que ela
incorporou a preparação mental de seus clientes ao programa de coaching que
desenvolveu.
REALIZAÇÃO
A
clientela busca no consultório da coach sua habilidade em jogar luz sobre dons
e habilidade existentes, mas travados por insegurança, timidez ou
desorganização interna.
A
maioria é composta por profissionais da área criativa em fase de montar um
negócio ou querendo melhorar a performance como prestador de serviços.
Para a coach, um bom preparo é o que vai
garantir a segurança e a confiança no momento da defesa da proposta diante de
uma banca da empresa.
E
um bom preparo significa olhar para dentro de si e aplicar uma série de
diretrizes em todas as etapas da concorrência, da tomada do briefing à
satisfação com a própria performance.
Há
três palavras-chave no método de Fernanda: clareza, potência e presença.
CLAREZA E
POTÊNCIA
A
partir do recebimento do briefing, com as principais demandas do projeto, é
preciso se perguntar se há realmente a clareza interna e a potência (ou
capacidade) necessárias para aquele projeto.
Primeiro
passo: avaliar se tem clareza sobre seus pontos fortes, aqueles que serão
essenciais para fazer uma entrega eficiente, e sobre seus pontos fracos, para
não deixá-los se sobreporem e paralisarem sua potência.
Algumas perguntas ajudam:
*Tenho
capacidade de tocar este projeto só com minha empresa?
*Precisarei
acionar profissionais e empresas com outras capacitações?
*Tenho
esses talentos na minha rede de parceiros e contatos?
A
clareza se reflete em confiança na própria potência. Saber identificar os seus
pontos fortes ajudará na hora de vendê-los na apresentação. E ter ciência de
seus pontos fracos indica o caminho de como compensá-los. Para isso, Fernanda
sugere três perguntas:
*Como
quero me apresentar?
*Como
vou saber se estou fazendo uma boa apresentação?
Com
os objetivos da apresentação em mente, fica mais fácil a identificação das
ideias que fortalecerão a venda da proposta. Isso exige ser bem assertivo –
tenha suas linhas mestras ao invés de colocar dezenas de pontos que só
dispersarão a atenção.
Como
se vê, um passo depende do outro. É aí que entra a importância do que se chama
Estado de Presença. Para ter clareza e confiar na própria potência é preciso
estar presente em tudo o que se faz. Como assim?
PRESENÇA
O
conceito de "estado de presença" está na base da técnica de coach. Em
inglês, a palavra coach é um acrônimo que representa as cinco habilidades que
são desenvolvidas por esta técnica.
Conseguir
assimilá-las é o objetivo de quem busca trazer para a superfície o melhor do
seu potencial para se tornar um profissional e um empreendedor realizados.
De
quebra, significa uma enorme utilidade em situações como uma concorrência. Veja
o que significam e como se aplicam às situações de negócios:
C
– Centro (Centered)
Estar
centrado associa-se a um estado de firmeza e confiança, uma sensação integral
de estar em paz consigo mesmo. É um estado que nos possibilita agir a partir da
nossa potência.
O
– Abertura (Open-minded attitude)
Uma
mente aberta para as circunstâncias favorece a curiosidade e a compreensão. São
características que nos ajudam a deixar de lado ideias preconcebidas para nos
concentrar na fala do cliente e a obter informações que ajudem a compreender o
que se passa na vida dele. Esta habilidade anda de mãos dados com a seguinte:
A
– Consciência (Awareness) – Exige foco interno e externo. É a habilidade de
sentir o ambiente e perceber o interlocutor com os cinco sentidos alertas. Tem ligação com estar centrado porque
pressupõe consciência do que se quer, da forma de mostrar e de como chegar lá.
É a consciência que nos ajuda a estabelecer a habilidade a seguir:
C
– Conexão (Connection) – Sem esse estado, não há como fazer um bom trabalho com
o cliente, pois torna possível compreender o outro e promover mudanças. São
atitudes importantes tanto para a redação da proposta quanto sua apresentação.
Neste momento, estamos não apenas nos apresentando, mas também conhecendo o
interlocutor.
H
– Suporte (Holding) – A última habilidade depende da boa condução das
anteriores. De difícil definição, representa o espaço que somos capazes de
criar para que o cliente se sinta confiante de nos ter por perto e atraído para
as nossas capacidade de ajudá-lo a se desenvolver.
HORA DO ENSAIO
Cumprir
as etapas propostas por Fernanda Barcelos abre caminho para o bom desempenho. O
"estado de presença" é que nos mantêm firmes e nos ajuda a
neutralizar a ansiedade. O passo final se chama ensaio, como sabem os atores.
Ensaiar
é um grande recurso para alguém conferir se está sendo claro e se consegue
demonstrar seus pontos fortes.
Não
precisa ficar nervoso. Ensaio, como lembra a coach, pode ser um vídeo gravado
no celular ou apenas a gravação para ouvir. Ajuda também a polir o gestual.
Outra
possibilidade é se apresentar para uma pessoa que seja um interlocutor neutro.
Importante: não tenha um excesso de crítica, mas preste atenção ao que é bom e
pode melhorar.
Aproveite
para antecipar as perguntas possíveis e tenha as respostas preparadas. E
lembre-se: cada projeto é único. O seu também.
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