Fonte: Diário do Comércio - SP
As vendas são acompanhadas por uma equipe especializada, responsável por
orientar, e treinar os franqueados que recebem um percentual sobre os produtos
comercializados
Além
de prejuízo, as crises econômicas geram teorias sobre como aproveitar o momento
para criar oportunidades, e estabelecer novas metas e estratégias. Mas um
pressuposto é fundamental: aumentar as vendas em tempos de recessão deixou de
ser um diferencial, é questão de sobrevivência.
Em 2015, as vendas do comércio de rua e shopping fecharam o ano com queda de 4,3% - a maior da série histórica, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No
mesmo período, o varejo online cresceu 15% em comparação ao ano anterior, de
acordo com a consultoria E-Bit.
Consolidado como um importante canal de vendas, o e-commerce tem inspirado novas modalidades de negócios. Entre elas, as franquias digitais, que oferecem para cada franqueado uma loja virtual já montada e estruturada por um valor simbólico, ou até mesmo sem custo.
Grandes
marcas como a Natura e o Magazine Luiza são bons exemplos nesse cenário. As
condições variam e são preestabelecidas por cada empresa, que determina como o
franqueado deve trabalhar.
Em
geral, eles atuam na divulgação do marketing direto, no boca a boca, e através
de suas redes sociais.
No
caso do Magazine Luiza, o sistema de franquia de lojas virtuais foi batizado de
Magazine Você, e opera basicamente com a divulgação de produtos.
Cada
franqueado escolhe quais produtos vender, e sobre os volumes recebe um
percentual que varia entre 2% a 6%.
ADEUS
FRANCHISING
Tentando
entrar no varejo online há cinco anos, a rede de bolsas Mônica Sanches adotou o
método em fevereiro passado, ao lançar o e-commerce da marca. A ideia surgiu em
meio à recessão, e após a difícil decisão de desistir do formato de franchising.
INTERIOR
DE UMA LOJA DA REDE MONICA SANCHES
Com
20 lojas próprias, que somam faturamento mensal de R$ 8 milhões, a rede não
conseguia chegar a um entendimento com seus 50 franqueados.
“Como
produzimos nossas bolsas, temos bons preços (tíquete médio de R$ 200) para as
lojas próprias”, diz José Horácio Pupo, supervisor da Mônica Sanches.
“Para
acompanhar esse valor, os franqueados tinham uma queda na margem de lucro, ou
vendiam os produtos por valores mais altos”.
Foram
cinco anos para amadurecer a ideia de que somente o mundo virtual poderia ajudá-los a conquistar novos
clientes, e estar presente em mais regiões com custos menos elevados.
O
investimento de R$ 45 mil já rende um crescimento médio mensal de 25% à rede no
varejo online.
Em
quatro meses, a atuação dos 32 franqueados digitais da Mônica Sanches gera
12% do montante de vendas totais da marca.
Em
cidades como Campinas (no interior de São Paulo), Salvador e Brasília, Pupo
adianta que a marca já não aceita mais franqueados, pois a demanda tem sido bem
atendida também por lojas físicas.
“Se
abríssemos para essas cidades, já teríamos mais de 500 franqueados nessa
modalidade”.
De
acordo com Pupo, os interessados pelo formato encontram todas as informações no site da marca,
onde é possível escolher uma das três categorias (Start/Gold/Platinum).
Ao
se cadastrar, o franqueado escolhe o nome e o endereço virtual da loja, e paga
uma taxa inicial de R$ 49,90, R$ 79,90 ou R$ 99,90, e uma mensalidade mínima de
R$ 19,90.
Em
seguida, é submetido a um treinamento virtual, recebe o link de sua loja para
começar a divulgar o produto, e recebe até 20% sobre o montante de vendas. O
pagamento e a entrega são administrados pela matriz da rede.
ARTE: GUTO CAMARGO/DIÁRIO DO COMÉRCIO
FRANQUIA
DIGITAL X VENDA DIRETA
O
sistema é semelhante ao praticado pelas vendas diretas, focado em divulgação, e com remuneração
por comissão. No entanto, Filomena Garcia, sócia do Grupo Cherto, garante
que são coisas diferentes.
FILOMENA
GARCIA: VENDAS DIRETAS E FRANQUIA DIGITAL SÃO FORMATOS DIFERENTES
Na
avaliação da consultora, a franquia digital é uma variação de outros formatos,
mas que tem como objetivo principal captar clientes locais, com ações mais
centralizadas que o e-commerce, e mais abrangentes que a venda direta.
Ela
aponta que, além de ser uma opção para o varejo, a franquia digital já é uma
realidade para o setor de marketing captar publicidade regional.
Filomena
também não acredita que o modelo se torne tendência por conta da crise.
“Trata-se
de mais um modelo de negócio, e não de uma ação emergencial. Mesmo porque nada
que surge de um momento de crise se torna sustentável”, diz. “Pensar em
franquia para retorno em curto prazo é o motivo errado para entrar nesse
mercado”.
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