quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Inovar é preciso; educar também


Interconectividade, mobilidade, velocidade. Estamos no auge das descobertas tecnológicas, certo? Especialistas afirmam que ainda não, pois estamos prestes a testemunhar um ponto de virada, com inovações realmente revolucionárias, advindas de campos como nanotecnologia e inteligência artificial.

É mais uma confirmação que vivemos um período de intensas transformações; o que conhecemos hoje, amanhã já estará modificado, impactando na maneira com que assimilamos o dia a dia deste admirável e complexo mundo novo. Projetar o futuro e planejar nossas ações e estratégias torna-se, portanto, um enorme desafio, seja no campo pessoal, profissional, empresarial ou governamental.

Não é uma tarefa fácil. Não basta copiar experiências exitosas. É preciso compreender os novos fatos, fazer as conexões e correlações de fatos distintos. Ou seja, apesar do alto nível de robotização de variados processos produtivos – que vão da indústria ao varejo – o futuro não prescinde de características que só os humanos têm: o olhar e a emoção, o contato real, fatores determinantes nos processos de compreensão do que nos cerca, assimilação do novo e construção de soluções que resultem em competitividade. E é neste ponto que se instaurou uma grande encruzilhada, em vários campos das relações sociais.

Vamos nos ater ao campo corporativo: como conviver com inovações em processos e produtos cada vez mais instantâneos e com normas, métodos e regulamentações que não conseguem acompanhar a velocidade do mundo conectado, veloz e global? Se quisermos que os empreendimentos sejam capazes de dar saltos tão espetaculares quanto os das inovações e continuarem relevantes no mercado é preciso fazer com que o passado saia do campo da lembrança e sirva como referência para que o índice de erros seja bem menor; ou seja, faz-se necessário alterar a perspectiva e a lógica dos nossos modelos de negócios, assim como o ambiente em que estão inseridos. Temos que aprender com o passado, mas não podemos ficar atados a ele. Já fizemos isto em outras épocas, quando da entrada dos teares semi automatizados, do motor elétrico, do telefone, da prensa, entre tantas outras inovações impactantes em nossa sociedade. Estas mudanças, tidas como radicais à época, não só alargaram horizontes, como geraram novidades nos campos do trabalho, das relações sociais, dos empreendimentos. E a dobradinha educação e ambiente legal propícios são duas das melhores ferramentas de se atingir tal objetivo. Precisamos, como bem alerta o professor doutor José Pastore, de uma legislação que regule, sem atravancar, o novo jeito de trabalhar – na empresa, em casa, na sala de embarque do aeroporto, na filial do outro lado do mundo, fixo ou terceirizado, horário do expediente ou numa jornada atípica. E também faz-se necessário um novo jeito de aprender, de capacitar-se para as novidades. É preciso renovar a rede de ensino, especializando-a em realizar, em empreender. O SEBRAE-SP deu o seu salto ao investir no aprimoramento daquilo que é o diferencial de nossa sociedade contemporânea: gente. Criamos no início deste ano a Escola de Negócios SEBRAE-SP, em parceria com o governo paulista, para ajudar a formar adolescentes, jovens e adultos mais criativos, críticos, aptos a desenvolver ideias, implementar projetos, ou seja, fazer acontecer. É a primeira unidade de uma rede de escolas de empreendedorismo, a verdadeira escola do futuro, que vai estimular o protagonismo da aprendizagem dentro e fora das salas de aula. A sede, na cidade de São Paulo, conta 500 alunos pioneiros e também abriga uma incubadora de projetos, preferencialmente startups, um observatório das tendências nacionais e internacionais do tema empreendedorismo e será a casa de biblioteca virtual sobre gestão.

Estamos no caminho certo? Pela concorrência acirrada pelo direito de estudar na escola do futuro (30 pessoas por vaga) e os convites que recebemos para explicar a nova metodologia, podemos afirmar que sim, encontramos uma forma de acompanhar o ritmo da evolução do nosso mundo tão veloz. E mais, estamos dando nossa contribuição para que o Brasil dê saltos gigantescos rumo ao futuro e se destaque como protagonista na promoção das inovações revolucionárias. O admirável mundo novo também está sendo forjado aqui.


Alencar Burti, 84, é empresário e presidente do Conselho Deliberativo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (SEBRAE-SP).
Fonte: Diário do Comércio - SP

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