segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Os heróis da administração ou super gestores

Esses super heróis não tem nome, nem mesmo um disfarce, são figuras emblemáticas que encontramos nas entre letras de conceitos importantes, mas que não tem nada de simples de serem implementados


Sou bacharel em administração a 5 anos e professor de disciplinas de gestão a 2 anos, e na realidade tenho estudado muito mais agora que leciono do que quando era aluno. Mas o que tem mais me incomodado ultimamente é a quantidade de textos e vídeos apresentando os super gestores ou heróis da administração, gente que parece infalível, com receitas prontas e cartilhas simples de ser seguidas. Esses super heróis não tem nome, nem mesmo um disfarce, são figuras emblemáticas que encontramos nas entre letras de conceitos importantes, mas que não tem nada de simples de serem implementados.
Fato é que eu sei que tenho que ser um bom líder, um bom gestor de pessoas, que preciso ser resiliente, saber ouvir, ter boa habilidade de comunicação, competência técnica, enxergar oportunidades no caos, ser otimista, criativo, inovador, e mais isso, e mais aquilo, e mais aquilo outro, sem contar de que preciso arrumar tempo pra relaxar, praticar exercícios físicos, ser um bom marido, um bom pai, dar atenção aos meus familiares e amigos, viajar, e além de tudo isso, ganhar dinheiro fazendo o que gosta.
Mas espere aí, é isso mesmo? Será que foi isso que Jesus quis dizer com “vós sois deuses”? Sinceramente, tenho me preocupado com a disseminação e repercussão dessas fórmulas prontas ou exigências adornadas do glamur midiático-social, onde muitos apresentam vários e diferentes caminhos que levam à felicidade ou realização, passando por esses bosques quentes e húmidos das características heroicas dos gestores.
Não conheço ninguém assim, conheço gente que realiza, que faz e acontece, mas que trabalha muito, perde a hora, deixa muitas coisas pra última hora, que magoa quem mais ama, e também quem não gosta muito, que toma decisões difíceis, erradas às vezes, que renuncia horas com atividades nada prazerosas, que sentem dores de cabeça e no corpo, que prioriza uma atividade e não rende, que se frustra, que confia nas pessoas e não é correspondido, que não tem todos os recursos e não pode fazer o melhor que gostaria, que cometeu erros no passado que são condicionantes do presente, que falam alto, ofendem, mas também abraçam e perdoam, tem suas neuroses, culpas e seus enormes valores, que são injustos às vezes e incompreendidos, que fazem o melhor que podem, às vezes se sentem realizados, outras não. E o mundo não para e nem se adianta por isso.
Proponho não conhecermos mais esses heróis, proponho sermos nós mesmos, no melhor que pudermos. Proponho o feliz exercício de se fazer íntegro, verdadeiro, honesto com os outros e consigo mesmo, mas conciso que tudo representa o movimento de crescer. Que compreendamos que não existe o estado perfeito, que as pernas tropeçam, mas só tropeçam as pernas que caminham. Portanto, o heroísmo seja o caminhar, ainda que precisemos de vez em quando parar, mas retomar o caminho, sendo que não precise ser o mesmo.
Penso que buscar esses heróis pode ser extremamente nocivo para as futuras gerações. Por que de perto ninguém é tão bom líder, tão bom comunicador, tão bom ouvinte, tão visionário, criativo, inovador, mas todos podemos ser melhores a cada dia, sem pressa, sem pressão, no seu tempo, no tempo de cada um.
O único paradigma que precisa verdadeiramente ser quebrado é o da mesmice, da crença que tudo é como está, e nada ou ninguém pode melhorar.
Paremos de procurar os heróis, eles não existem, e comecemos a encontrar com pessoas comuns e nesses encontros, assumamos a missão de fazer de cada experiência a melhor individualmente e coletivamente.
Por Francisco José
Fonte: Administradores

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