quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Rumos da identidade brasileira

Durante cinco dias, o Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS) presenciou debates e trocas de experiências entre grandes pesquisadores e profissionais da moda nacional e internacional. Aconteceu, de 30/8 a 3/9, a 10ª edição nacional e a 7ª edição internacional do Colóquio de Moda, maior congresso científico de moda no Brasil, e a coluna De Salto Alto esteve na Serra gaúcha para acompanhar o evento.

“A diversidade é muito importante. A especialidade é a morte”, disse Edson Matsuo, diretor de criação da Grendene. Ele participou da mesa-redonda sobre Marca Brasil, Identidade e Moda. A democratização da Melissa, uma das marcas da empresa, com sede em Farroupilha, foi citada como exemplo de aproximação com o cliente. “A marca se constrói na interação com o consumidor”, afirmou, referindo-se à Galeria Melissa, instalada na rua Oscar Freire, um dos locais mais badalados de São Paulo. “A galeria é um templo para partilhar, oferecemos exposições, experiências.”

André Carvalhal, gerente de marketing e conteúdo da Farm, também participou do debate. A valorização da marca Brasil, para ele, fica evidente na parceria que a grife carioca fez com a alemã Adidas, que chega na terceira edição no início de 2015. “O encontro da Alemanha com o Brasil mostra a oportunidade de uma marca se associar ao espírito do nosso País. A primeira coleção foi vendida em todo o mundo”, explicou.

Da Antuérpia para o mundo
Entre as presenças internacionais, a belga Karen Van Godtsenhoven ressaltou, na conferência Moda e Identidade, Premissas para a Valorização Global, a importância de criar uma identidade cultural. A moda feita na Antuérpia, pequena cidade portuária da Bélgica, é conhecida mundialmente. Na escola belga, formaram-se estilistas como Raf Simons, diretor artístico da Dior, Dries Van Noten e Martin Margiela.

“Chamamos de pequeno milagre, pois a Antuérpia fica muito próxima de Londres e Paris, duas grandes capitais da moda”, disse Karen. “O que todos os estilistas belgas têm em comum? Eles não seguem tendências”, explicou.

O futuro da liderança

As mulheres da Geração do Milênio – nascidas entre 1980 e 1995 – estão aumentando sua participação como força de trabalho. É o que aponta estudo da PwC Brasil, que revela, também, que elas reúnem características fundamentais para as empresas, como alto nível de escolaridade, confiança e objetivos claros em relação à carreira.

Segundo Carlos Biedermann, líder da região Sul da PwC, as organizações têm a consciência desta situação, mas as atitudes ainda são diferentes. “No Rio Grande do Sul, se percebe muito que, na hora de uma discussão sobre a expectativa profissional das mulheres, elas são mais suscetíveis a abrir mão de sua carreira em favor da família.”

De acordo com o estudo, em 2020 as mulheres do Milênio representarão 25% da força de trabalho no mundo. O estudo apontou também que, apesar de as mulheres representarem 40% da força de trabalho global (percentual nunca antes visto), apenas 4,6% ocupam cargos de CEO.

  • Educação As mulheres do milênio superaram os homens da mesma geração em escolaridade. Em nível global, são maioria em 93 países entre os estudantes de universidades. Elas possuem mais títulos de bacharelado e de mestrado.

  • Diversidade na prática As profissionais estão mais propensas a procurar empregadores que ofereçam políticas de diversidade e equidade de gêneros – 82% julgaram essas diretrizes como importantes em um ambiente de trabalho. No entanto, 55% das entrevistadas pela PwC reconhecem que não sentem que as oportunidades são as mesmas para os gêneros.

  • Reputação importa Elas desejam que o trabalho tenha um propósito, que contribua para a sociedade e que possam sentir orgulho da empresa. Para a PwC, organizações e setores de mercado vão precisar desenvolver trabalhos estratégicos para comunicar os aspectos positivos dos empregadores a fim de conseguir reter os talentos dessas profissionais.

  • Não só pelo dinheiro Quase 20% das entrevistadas afirmaram que desistiriam ou adiariam uma promoção em troca de horários mais flexíveis de trabalho. Para elas, é importante ter uma vida profissional equilibrada com a pessoal (97%).

Entrevista: Carlos Biedermann, líder da região Sul da PwC

Quais as características da mulher do milênio?
Ela é atenta às novas tendências, afinada com a tecnologia e caminha à frente de seu tempo em busca da realização pessoal e profissional. Investe em qualificação com alto nível de escolaridade, valoriza a experiência fora do País, faz a diferença no mercado de trabalho. É líder, tem expressiva capacidade intelectual, demonstra confiança e tem objetivos claros para uma carreira de sucesso, o que desenha uma nova era de talento nas organizações.

Quais as principais características da liderança feminina?
A liderança feminina avaliada pelo perfil da mulher do milênio é de envolvimento integral com trabalho, com metas a atingir, porém com atenção à pessoalidade, feedbacks constantes e reuniões presenciais para troca de ideias. A liderança feminina também aposta na integração de gêneros como alternativa democrática e de produtividade.

Quais os desafios dos empregadores?
Ainda percebe-se, por parte dos empregadores, um desafio para integrar as mulheres na liderança e atendê-las com o salário adequado. A equiparação entre gêneros ainda está amadurecendo no mercado, mas as mulheres do milênio estão mostrando seu potencial, abrindo portas e subindo degraus naturalmente. Estas mulheres ultrapassam as expectativas de crescimento por investir em qualificação profissional a fim de conquistar um futuro promissor em cargos importantes. Os empregadores têm de estar preparados e atualizados com esta mudança, que propõe uma oxigenação positiva nas corporações.

Por Ana Fritsch

Fonte: Jornal do Comércio - RS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para participar cadastre-se!