terça-feira, 21 de outubro de 2014

Comunicação sem omissão

O desafio da comunicação em momentos de instabilidade. O que e como falar para os colaboradores?



É muito comum vermos empresas cometendo o "pecado" da omissão em momentos de instabilidade. Sejam quais forem as razões das incertezas, desde oscilações econômicas até movimentações de cada mercado, deixar a comunicação de lado, definitivamente, não é o melhor caminho. O motivo desta afirmação é muito simples: a comunicação não deixa de existir, ela apenas assume um caráter de informalidade.
A empresa não se posiciona e as pessoas passam a "criar" as verdades do momento - a tão conhecida "rádio peão" ou "rádio corredor". Qual o resultado disso? Maior insegurança, redução do nível de engajamento, perda de foco por parte dos colaboradores, quedas de produtividade e, consequentemente, o agravamento da situação.
Saber o que e como comunicar é o maior desafio. O alinhamento entre os canais de comunicação e o discurso das lideranças se faz fundamental. Planos de contingência para o direcionamento estratégico da comunicação são uma alternativa ainda pouco usada pelas empresas, mas podem contribuir muito para que a organização supere as dificuldades do momento. Estabelecer um posicionamento e uma abordagem claros sobre as razões que geram essa instabilidade (palavra mais amena para não usar crise) são o começo de tudo.
A percepção das pessoas está diretamente ligada ao nível de entendimento sobre o assunto. Então quanto menos se entende, maior é a probabilidade de se assumir uma posição reativa, que priorize interesses individuais. "Tenho que dar um jeito de me garantir". A natureza humana assimila o sentido de grupo para o crescimento, mas essa visão é bem mais complicada quando o desafio é a "sobrevivência". E quem perde com isso são as empresas.
O nível de consciência dos profissionais de RH e das lideranças sobre a importância da comunicação em momentos difíceis vem evoluindo bastante. Ao ler a pesquisa Tendências em RH 2014, realizada pela Porto RH em parceria com a Steigleder Consultoria com cerca de 70 empresas gaúchas (Indústria, Serviços e Comércio), me deparei com informações interessantes, que indicam o crescimento dos investimentos em comunicação interna, mesmo diante de um cenário com relativa instabilidade econômica.
Segundo a pesquisa, 60% das empresas pretendem incrementar os investimentos em ações de endomarketing e 40% pretendem manter o mesmo nível, sem registro de intenções para a redução dos investimentos. Nos três segmentos de análise (Indústria, Serviços e Comércio), a comunicação interna encontra-se entre as prioridades de investimento, como forma de promover o alinhamento e ampliar o nível de engajamento das pessoas. Resta saber se essas perspectivas permanecerão, consolidando a comunicação como uma ferramenta estratégica de combate à crises.
Diante de um conturbado cenário econômico e das interrogações de um período eleitoral, essa "mentalidade empresarial" em favor da comunicação traz um reforço para amenizar as dificuldades e contribuir para que as empresas permaneçam fortes e competitivas. Sabemos muito bem que a informação e a comunicação são capazes de movimentar a massa. Temos de estar cientes de que a omissão também tem esse poder.

Por Gabriel Fontanari 
Fonte: Administradores

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