segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Liderança e Gestão Pública: eis a questão

Gerir uma nação requer competências que vão muito além daquelas necessárias à condução de um negócio, sobretudo porque o foco da liderança deve conjugar desenvolvimento econômico com justiça social.



Há alguns dias, este que lhes escreve tratou no artigo "O que não se deve aprender num debate" da baixaria que tomou conta das campanhas eleitorais e dos debates de ideias entre candidatos à Presidência da República e das disputas aos governos de alguns estados.
 O objetivo do texto supracitado foi o de apontar que o grande perdedor com as discussões improdutivas que tomaram conta dos debates entre os candidatos é o próprio Brasil, uma vez que ideias acerca de um país mais justo e desenvolvido deixam de ser tratadas devido a discussões em torno de temas que vão desde questões religiosas envolvendo candidatos ao governo do estado no Rio de Janeiro até o envolvimento de partidos políticos de presidenciáveis no conjunto de escândalos do Sistema Petrobras.
No caso dos escândalos ligados a empresas do Sistema Petrobras, o foco das investigações conduzidas por órgãos de controle externo nacionais e pela "CVM" dos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission (SEC), é o superfaturamento de contratos de prestação de serviços e possíveis distorções em premissas de indicadores econômico-financeiros de projetos de investimentos, como o VPL (Valor Presente Líquido), que trata da geração de valor que um projeto proporciona à empresa, a partir da avaliação do fluxo de caixa desse projeto ajustado a valor presente por meio de uma taxa de desconto. No caso da Petrobras, essa taxa de desconto, via de regra, é o seu CMPC (custo médio ponderado de capital), visto que os seus projetos de investimentos costumam ser tratados segundo a metodologia FCFF (Free Cash Flow to Firm). 
À luz do disposto acima, resta o seguinte questionamento: qual é o tipo de liderança de que o Brasil precisa, tendo em vista os desafios que nosso país enfrenta no alcance dos objetivos pretendidos por nosso Estado democrático de direito no terceiro artigo de nossa Constituição Federal?
Para começar, alguns atributos elencados por Sun Tzu para tratar de um comandante virtuoso em seu "A arte da guerra" são essenciais: sabedoria, sinceridade, humanidade, coragem e rigor. Some-se a isso um misto de fé num país mais justo e desenvolvido, dedicação na construção de resultados e disciplina e estaremos diante do estilo de liderança mais adequada à condução de uma nação. Para arrematar, idoneidade moral e reputação ilibada são indispensáveis, já que estamos falando do comandante-em-chefe e da principal referência ético-profissional que um país deve ter.  
Contudo, a liderança de uma nação não se resume a alguns atributos. Ela deve ser dotada de conhecimentos, habilidades e atitudes que vão muito além do que é exigido de um gestor privado. Afinal de contas, o Presidente de um país como o Brasil, que é a quinta maior e mais populosa nação e sétima economia mundial em termos de PIB, deve ser capaz de garantir a primazia do interesse público na construção de uma sociedade mais justa e desenvolvida no âmbito interno e de resguardar a soberia nacional e o respeito das demais nações no âmbito externo. Para tanto, há que se observar o respeito à dignidade humana de seus concidadãos, a provisão de direitos sociais, a promoção da livre iniciativa e a estabilidade das relações sociais.
Portanto, o gestor de que o Brasil precisa deve pautar-se pela razão e pela ética na condução dos negócios da nação por meio das pessoas e para as pessoas, e, não, por rixas e desavenças como as que verificamos nas propagandas e debates destas eleições. 
Pensem nisso.

Por Pedro Papastawridis


Fonte: Administradores

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