sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Da carreira a concorrencia e o conflito de gerações

A insatisfação com o trabalho tem demonstrado a falha na formação dos executivos para a realidade do mercado. Em paralelo, as novas gerações tem encontrado, por meio da tecnologia, maneiras próprias de buscar seu espaço. O que será da carreira profissional no futuro?



A você, amigo leitor, que nasceu antes dos anos 90: quantas empresas, produtos ou negócios você foi encorajado a montar na sua juventude? Qual disciplina abordou idéias de sucesso profissional? Quando foi a primeira vez que você ouviu a palavra "carreira"?
Recente estudo da LHH/DBM, publicado pela revista Exame, a partir de entrevista com mais de 400 executivos, indicou que quase metade deles se diz insatisfeito com seu trabalho. Não é assim tão surpreendente, haja visto que temos um sistema que prepara para uma realidade muito diferente da esperada. Ao observar o ensino no país, vemos que pouco evoluiu nas últimas décadas. Ainda decoramos conceitos para reprodução em provas, ávidos por notas de zero a dez.
Perseguimos metas cartesianas até a faculdade, e nos deparamos com uma realidade diferente, nem sempre meritocrática nas empresas. Fomos ensinados a ser avessos com a criatividade, o empreendedorismo, a inovação, e hoje exigimos estes atributos da mão de obra presente no mercado.
Ao não receber do "chefe" o reconhecimento almejado, a nota 10, vemos um sem número de profissionais, sobretudo recém-formados, ou oriundos do mundo acadêmico, manifestarem avidamente sua insatisfação. Pesquisa da Page Personnel, publicada em Outubro pelo site G1, mostrou que 1 em cada 3 profissionais pede demissão por causa da estagnação e da falta de estímulo, relacionando muitas vezes estes fatores ao desempenho de sua chefia.
Em paralelo, esta nova geração que agora chega ao mercado tem buscado no relacionamento seu novo espaço. O número de curtidas em um Facebook, ou de visualizações de um vídeo no Youtube, despertam muito mais o sentimento de reconhecimento do que um feedback de um gestor. Viu um amigo do chefe ser indicado para o cargo que você tanto se preparou para ocupar? Sem problemas, suas realizações profissionais no LinkedIn são uma vitrine mais cobiçada que a nova posição.
Do limão, as novas gerações tem produzido limonadas. Impulsionados pela facilidade de acesso a informação e a virtualização do mundo, crescem os números de start-ups no Brasil, sobretudo de base tecnológica. Em casa, na tela, surgem aplicativos, softwares e projetos que tem sido cada vez mais premiados. Um exemplo deste reconhecimento é o Desafio Brasil, competição promovida pela FGV que chega este ano a 9ª edição, com número significativo de projetos inscritos.
Com esta nova realidade, fica cada vez mais evidente que o ensino das escolas, e as empresas no país, precisam dar de vez seu upgrade. Com elas ou sem elas, em breve teremos um novo cenário funcional, onde estes novos profissionais serão a maioria. Ou se institúi, definitivamente, o preceito da liderança, para atração e retenção dos talentos, ou se perde o capital intelectual para o mercado. Cabe aos gestores atuais decidirem se terão, no futuro breve, os mais motivados colaboradores, ou os mais dedicados concorrentes.

Por André Carvalho
Fonte: Administradores


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